30 de jan. de 2017

Vasos sagrados usados na Liturgia

De origem latina “vas” (recipiente). São denominados como “vasos sagrados” os recipientes usados na Liturgia: cálice, patena, cibório, ostensório, píxide, custódia do Santíssimo Sacramento, ampolas destinadas a guardar os Santos Óleos.
            A orientação da Igreja diz: “os vasos sagrados sejam feitos de metal nobre. Se forem de metal oxidável ou menos nobres do que o ouro sejam normalmente dourados por dentro. (IGMR 338). Isto significa que se excluem materiais que não sejam nobres, como por exemplo o plástico, e metais que possam comprometer as espécies, especialmente o vinho, como é o caso da cerâmica, do vidro e da madeira. Cerâmica e madeira pela absorção do vinho e, o vidro, pelo risco de se quebrar. Diz a orientação: “os cálices e outros vasos destinados a receber o Sangue do Senhor, tenham a copa feita de matéria que não absorva líquidos. O pé pode ser feito de outro material sólido e digno. (IGMR 330).
Há contudo exceção para a madeira, como é o caso do ébano: “a juízo da Conferência dos Bispos, com aprovação da Sé Apostólica, os vasos sagrados podem ser feitos também de outros materiais sólidos e considerados nobres em cada região, por exemplo, o ébano ou outras madeiras mais duras, contanto que convenham ao uso sagrado. Neste caso, prefiram-se sempre materiais que não se quebrem nem se alterem facilmente. Isso vale para todos os vasos destinados a receber as hóstias como patena, cibório, teca, ostensório e outros do gênero. (IGMR 339).


Vasos para os Santos Óleos
            Quanto aos vasos dos Santos Óleos, a tradição litúrgica os confecciona em forma de relicário e orientava que fossem feitos de prata para que não produzisse zinabre, que acontece quando o óleo entra em contato com outro metal.
Com a finalidade de distinguir um vaso do outro, cada um dos vasos é assinalado com uma sigla. Assim, a letra “C” ou “CAT” indica o vaso com óleo dos catecúmenos; a letra “I”, contém o óleo dos enfermos (que em latim se diz “infirmorum”) e a sigla “CHR” indica o vaso com óleo da crisma (“Chrisma” em latim).

(SV) 

27 de jan. de 2017

Enfeites na celebração litúrgica

As normas litúrgicas não tratam de enfeites em particular. Trata deste tema de modo generalizado, contextualizando-o na ornamentação litúrgica. Meu ponto de vista é a partir da comunicação litúrgica e não tem nenhuma intenção normativa. 

Contextualizando  
Por enfeite, no contexto comunicativo da celebração litúrgica, entende-se aquilo que favorece ou evoca um clima especifico, no qual acontece a celebração. Neste sentido, os enfeites, embora possam ter características simbólicas ou sígnicas (sinais), na maior parte das vezes exerce a função de índice, isto é, são indicadores de um contexto, ou de um “clima” do Tempo Litúrgico, ou de uma celebração específica.
Os enfeites natalinos e os enfeites pascais, por exemplo, expressam bem esta dinâmica semiológica de índice, quer dizer, indicadores do Tempo Litúrgico que se está celebrando. Quando entramos numa igreja com enfeites natalinos, por exemplo, os mesmos são índices, são indicadores que estamos celebrando o Natal. É preciso dizer que existe uma linha muito tênue e discutível em tais distinções, motivo de não poucos debates e discussões. Contudo, o que interessa é entender que os enfeites são indicativos (são índices) de um contexto celebrativo ou de um Tempo Litúrgico.
Existem momentos, nos quais os enfeites exercem sua atividade comunicativa apenas como sinais, como aqueles para expressar alegria. Um arranjo floral, no Tempo Pascal, por exemplo, não precisa trazer a carga do simbolismo; pode ser um componente indicativo da alegria do tempo litúrgico que se está celebrando. Quando, numa festa do padroeiro são colocadas bandeiras ou outros enfeites, estes comunicam o clima festivo que se está celebrando. Os enfeites usados nas celebrações matrimoniais, flores e tapetes, velas e lanternas coloridas indicam (são índices) da alegria que envolve uma festa de casamento.
Tais elementos pretendem favorecer a compreensão que a ornamentação litúrgica é realizada dentro de um contexto comunicativo que se expressa com símbolos, com sinais e com índices (indicadores). A maior parte dos enfeites entra na categoria dos índices por serem, como já dito, indicativos de um clima especial na celebração, seja relativo ao Tempo Litúrgico, seja num contexto celebrativo específico.

Critérios gerais no uso de enfeites
O exposto acima vale para a Missa e para os demais sacramentos. Por isso, um primeiro critério quanto ao uso de enfeites nas celebrações é sobre a quantidade de enfeites. Isso vai depender do tamanho da igreja e do bom senso do arranjador, mas lembrando sempre que o exagero enfeia. O exagero de muitos enfeites em casamentos pode ser bonito para o bolso do floriculturista, mas um desastre visual do ponto de vista estético. Não é o exagero que embeleza, mas o detalhe e o modo de fazer.
Outro critério é o respeito pelo Tempo  Litúrgico. Na Quaresma e no Advento não se usam flores, nem folhagens e nem outros adereços. Assim, não se enfeita a igreja com enfeites natalinos na primeira semana do Advento, isso poderá acontecer a partir com pequenos sinais a partir da 3ª Semana do Advento. O não uso de flores, folhagens e enfeites são indicativos (índices) do silêncio espacial, no qual a Liturgia celebra a Quaresma e o Advento. Por isso colocar flores na Quaresma e no Advento, mesmo que sejam violetas roxas, é criar um ruído na mensagem espacial do ambiente celebrativo, no contexto da comunicação litúrgica. Casamentos realizados neste tempo também não recebem flores. Quem fizer questão das flores no casamento, seja orientado a procurar outra data, como no Tempo Natalino ou no Tempo Pascal ou no Tempo Comum.
Um terceiro critério é quanto a colocação dos enfeites nos espaços celebrativos. Os enfeites não são colocados nem sobre o altar e nem sobre o ambão, como também não devem esconder tais espaços, de onde não se colocar enfeites grandes na frente do altar ou do ambão. Isto vale também para as igrejas que tem altar mor encostado na parede. Aquele altar seja respeitado como altar e não transformado em prateleira de flores e folhagens.
Um último critério é aquele relativo à discrição. Quem tem senso artístico nunca exagera, ao contrário, discretamente enfeita o ambiente tornando-o acolhedor e celebrativo, para que os celebrantes sintam-se bem sem serem agredidos com excesso de informação.
Serginho Valle  
2017 


25 de jan. de 2017

Preparação e apresentação das oferendas

O rito da preparação e apresentação das oferendas é muito simples na Liturgia Romana. Consiste em colocar o pão na patena e apresentá-lo a Deus com uma fórmula orante e, da parte do vinho, colocar um pouco de vinho e uma gota de água no cálice. Tudo muito simples. Já vai longe o tempo que o rito era feito de modo mais elaborado e mais solene. Hoje, de tão simples, o rito da preparação e apresentação das oferendas corre o risco de se transformar em ritualismo mecânico, perdendo a riqueza da mensagem comunicativa que o mesmo contém. 

Rito de passagem e apresentação da hóstia
Primeiramente, é preciso considerar que se trata de um rito de passagem, como já foi mencionado na preparação do altar. Depois da Liturgia da Palavra, a assembléia faz uma pausa para ofertar o sacrifício do povo que, a rigor do termo, são o pão, o vinho e a água. Trata-se, sim, de um rito ofertorial, mas não o ofertório do sacrifício da Igreja, que é feito com o Corpo e Sangue do Senhor. Sobre isso trataremos em outra reflexão. 
Do ponto de vista ritual, trata-se da preparação e apresentação da hóstia. Aqui é preciso esclarecer que por hóstia se entende tanto o pão como o vinho. O pão e o vinho são "hóstia", quer dizer matéria do sacrifício ou o sacrifício em si.
Com o passar do tempo, o termo “hóstia” passou a designar somente o pão, e o pão consagrado. Mas, também o vinho e o vinho consagrado é hóstia, ou seja, oblação consagrada a Deus. Ora, o primeiro momento é a preparação para que os dons — para que a hóstia — as oferendas do pão e do vinho sejam agradáveis a Deus. É o que se reza no "orate fratres": “orai, irmãos e irmãs, para que o nosso sacrifício seja aceito por Deus Pai todo-poderoso”. 

Os quatro movimentos da preparação e apresentação das oferendas
A preparação e apresentação das oferendas acontece em quatro movimentos: apresentação do pão, secreta, preparação e apresentação do vinho e, o lavabo. 
O rito da apresentação do pão realiza-se com uma pequena elevação do mesmo,  oferecendo o pão como fruto do trabalho humano e dom da terra, como reza a fórmula que acompanha o gesto ofertorial. Uma oferenda preparada com a fonte vital do homem e da mulher: o trabalho, a colheita do trabalho e o pão; o mais eloquente símbolo da vida humana. Um processo comunicativo simbólico com a mensagem clara do oferecimento da vida humana. No “pão oferenda” é a própria vida humana que se encontra na patena.
No segundo movimento, o padre reza uma oração secreta, intercedendo a graça divina de acolher aquilo que é oferecido pelas suas mãos. Farei menção sobre isso em outra oportunidade.
No terceiro movimento acontece a preparação e apresentação do vinho. O rito consiste de preparação consiste em colocar o vinho dentro do cálice e derramar um pouquinho de água dentro do vinho, simbolizando a participação humana na apresentação do sacrifício, como reza a fórmula que acompanha o gesto. Um rito simples e pleno de significado: como de uma gota no oceano do amor infinito de Deus, ali dentro é colocada a vida da humanidade. Um gesto para demonstrar que, mesmo de forma mínima, a vida humana participa do gesto ofertorial do Senhor e de seu Mistério Pascal. A oração da apresentação do vinho tem a mesma temática do que foi referido à oração de apresentação do pão.
A apresentação do vinho acontece de modo simples, com uma pequena elevação do cálice e com a oração de apresentação, como para a apresentação do pão. 

Processo comunicativo do rito da preparação e apresentação das oferendas
Do ponto de vista comunicativo, trata-se de um rito bem movimentado, contando a procissão, a recepção das oferendas, a preparação e a apresentação das oferendas, completado pelas orações e pelas canções. Há todo um movimento que demonstra uma comunicação bem ativa. Deixa-se postura parada, necessária do ouvir e refletir a Palavra, para entrar no movimento de caminhar e oferecer. 
Esta dinâmica tem favorecido criatividades bem sucedidas, como por exemplo, encontrar ali um momento apropriado para a dança litúrgica. Favoreceu também a representação simbólica e até mesmo outras manifestações culturais, como por exemplo, levar as oferendas vestindo-se com trajes típicos. Isto acontece muito nas celebrações de grandes concentrações e nas Missas Pontificais.
Um processo comunicativo que, infelizmente, tem oferecido também oportunidade para exageros de várias dimensões. Exagero no timing, que é um elemento importantíssimo no processo comunicativo litúrgico, com procissões e ritos intermináveis. Exagero em comentários e no excesso de símbolos e sinais, além de outros tantos exageros capaz de transformar a dinâmica ativa da apresentação das oferendas num rito interminável e tedioso. Também o conteúdo da criatividade ritual precisa ser tratado com cuidado, pois o risco de passar mensagens ideológicas existe, como tem acontecido.
Um guia seguro para a escolha de simbolismos encontra-se no contexto fraterno e naquele existencial, como já fizemos referência em outra reflexão. A mensagem ofertorial contém também o agradecimento pelos dons recebidos do alto e da terra (colheita dos frutos) tornando a oferta um gesto de gratuidade e um convite à partilha fraterna. 

Cantar o rito ofertorial
            Por fim, uma palavra sobre a música no rito da preparação e apresentação das oferendas. A primeira menção é quanto ao conteúdo. Sobre isso, lembro que o rito denomina-se “preparação e apresentação das oferendas”. Uma terminologia que, em concreto, não se caracteriza como ofertório, embora contenha elementos ofertoriais. A terminologia oferece a possibilidade de escolher canções com letras que não tenham, necessariamente, menção ao oferecer, ao ofertar. Assim, por exemplo, no tempo da Quaresma, cantar o hino da Campanha da Fraternidade entra no contexto fraterno, da partilha fraterna que o rito da apresentação e preparação das oferendas oferece. Numa Missa festiva de Nossa Senhora, cantar o Magnificat está dentro do contexto da apresentação e preparação das oferendas, uma vez que se trata de um rito de ação de graças pelos dons recebidos, como diz a fórmula da apresentação das oferendas e como canta o Magnificat. Cantar uma canção que reflete uma prece de partilha também está no contexto da apresentação e preparação das oferendas.
            O segundo elemento é quando ao momento para cantar o canto da apresentação e preparação das oferendas. O primeiro momento a ser cantado é a procissão que conduz as oferendas até o altar. Neste caso, voltando ao parágrafo anterior, trata-se de uma canção ofertorial, que reflete os celebrantes a caminho para oferecer seus dons (aqui aparece a dimensão ofertorial) e colocá-los no altar da comunidade. O segundo momento, aquele da preparação das oferendas, não precisa ser cantado. Há três possibilidades para se realizar o rito com relação à música. A primeira é continuar cantando a canção iniciada na procissão das oferendas; o que é feito na maior parte das comunidades. A segunda possibilidade é recitar a fórmula da apresentação em voz alta e a mesma ser acompanhada com um fundo musical, solando por exemplo, a música cantada na procissão das oferendas. A terceira possibilidade é cantar a fórmula da apresentação dos dons que, neste caso, é cantada pelo padre e a assembléia participa ouvindo e cantando o refrão “bendito seja Deus para sempre”.
            Por fim, o modo de cantar a apresentação e preparação das oferendas. A primeira menção é quanto ao estilo da música: alegre, moderada, reflexiva... Quem conduz a assembléia na canção deverá prestar atenção a isso. O segundo critério diz respeito à poesia (letra) da música: orante, mensagem, pedagógica... Na pedagógica estão as canções que propõem uma reflexão, como no caso do Hino da Campanha da Fraternidade, cantada no rito da apresentação e preparação das oferendas. Com relação ao uso de instrumentos dependerá do Tempo Litúrgico.
 Serginho Valle
2017 



24 de jan. de 2017

Hallel

O hallel é cantado nas grandes festas que Israel celebra em suas Liturgias com sequências de seis salmos aleluiáticos, de onde a terminologia de “hallel”. Recebem tal denominação por iniciarem com “hallel”, palavra hebraica traduzida para o latim como “alleluia”. Estes são seis salmos: de Sl 113 a  Sl 118.
            A principal característica do “hallel” é a louvação e o agradecimento, ação de graças pelo que Deus realizou e realiza em favor do povo. Canta ainda ação de graças pela esperança futura de uma terra de paz e a promessa do Reino, sempre alimentada pela Palavra, no meio do povo.
            Do ponto de vista cultual o “hallel” é um convite incessante a elevar louvores e glorificações ao Senhor. A composição do hallel é de seis salmos festivos e alegres que, nas celebrações litúrgicas judaicas são cantados em alta voz por toda a assembléia litúrgica como parte do Shachrit — a Liturgia matutina — e depois do Shemoneh Esreh — as dezoito principais orações. São cantados também nas principais peregrinações celebrativas: Pessah, Shavout e Soukkot, além das celebrações do Hanoucca e do Rosh Hodesh. Nos dias atuais, o hallel é também recitado como ação de graças no Dia da Independência de Israel.

(Composição de SV)

20 de jan. de 2017

Arranjos florais - ikebana

Do ponto de vista da comunicação litúrgica, os arranjos florais não se prestam unicamente a ser um elemento estético, mas se caracterizam pela simbologia, no contexto celebrativo. Com isto, estou dizendo que não se coloca um arranjo floral unicamente para deixar o espaço celebrativo mais bonito e acolhedor; também isto. Mas, em cada arranjo floral, feito símbolo, torna-se mensagem simbólica. Por isso, os arranjos florais, enquanto proposta de mensagem simbólica, na celebração litúrgica, aproximam-se da filosofia do ikebana, uma técnica japonesa que trata de modo artístico os arranjos florais, comunicando por meio deles uma mensagem de vida.
Não sugiro adotar somente a técnica do ikebana. No caso litúrgico, interessa  também o seu processo, o modo como o ikebana é construído para que se torne uma mensagem artisticamente bela e litúrgica. Quanto a isso, considere-se que o ikebana faz parte de um processo terapêutico ocupacional, que se inicia com uma meditação, com um silenciamento interior antes de se iniciar o processo da criação do arranjo floral. É a meditação que irá despertar a sensibilidade do artista para realizar a composição floral. O arranjo torna-se assim expressão daquilo que ele meditou.
Esta parte da técnica, este processo de silenciamento interior, tem tudo a ver com o ministério da ornamentação que, como disse em outros textos, não são meros enfeitadores de igreja, mas atores da celebração enquanto criadores de um espaço celebrativo digno da celebração sacramental. Do ponto de vista litúrgico, a meditação, antes de confeccionar o arranjo, acontece com a Palavra de cada celebração para criar o seu arranjo floral. Por isso, deduz-se que não é a estética do agente do ministério da ornamentação que determina o arranjo floral, mas a Palavra proclamada da celebração: as leituras, o salmo responsorial e principalmente o Evangelho.
Assim, cada arranjo não é uma peça estética com a única finalidade de ser admirada, mas pela sua beleza estética torna-se um fator favorecedor que contribui com o bom andamento da celebração, para sua melhor compreensão e participação.
O membro do ministério da ornamentação, portanto, não é um simples prático que sabe sistematizar flores num contexto de beleza floral, mas, acima disso, ele atua como um contemplativo da Palavra que, por meio de sua criatividade, expressa simbolicamente a mensagem da Palavra ou do Mistério celebrado nos arranjos florais. Isto é válido para todos as celebrações sacramentais.

Aprendizado 
Tratando-se de uma técnica, entende-se a necessidade do aprendizado, de didáticas, de cursos, de experiências, para aprender, para se ter a prática de como realizar todo o procedimento até a arte final.  
A experiência tem mostrado que quando esta técnica é adquirida, muitos agentes do ministério da ornamentação fazem desse serviço uma verdadeira terapia e, mais que isso, percebem um crescimento em sua espiritualidade pessoal e, igualmente, o crescimento espiritual dentro do grupo dos agentes do ministério da ornamentação. Realiza-se assim uma das finalidades do ministério litúrgico: promover o crescimento espiritual de quem se ocupa com algum ministério, colocando-se de modo sempre mais consciente a serviço da celebração litúrgica, a qual atualiza o Mistério Pascal de Jesus Cristo em nosso hoje.

Aprimoramento 
À medida que se vai tendo prática na confecção da ikebana litúrgico, o resultado fica cada vez melhor e o trabalho torna-se sempre mais agradável de ser realizado. Por isso, é interessante fotografar cada ikebana para manter uma comparação quando a mesma celebração litúrgica for realizada novamente. 
Serginho Valle 
2016. 


18 de jan. de 2017

Preparação do altar

Antes de receber as oferendas, o altar é devidamente preparado com um rito muito simples, mas pleno de significado. O rito tem a finalidade de preparar o altar para receber as oferendas da Igreja e dos celebrantes: o pão, o vinho e a água. 
Para tal finalidade o corporal é estendido sobre o altar. Um rito realizado pelo diácono (cf. IGMR 94; 178) e, na ausência deste pelo próprio padre (cf. IGMR 214). Hoje, em algumas comunidades, o rito está sendo realizado por ministros, seminaristas e até coroinhas. A Bíblia atribui ao sacerdote que oferecerá o sacrifício a atividade de preparar o altar, como na sugestiva passagem de Elias confrontando-se com os sacerdotes de Baal (1Rs 18,30-39). No Evangelho é o próprio Jesus que prepara o pão e o vinho para entregar aos seus Apóstolos, na Última Ceia (Mt 26,17-30) e, depois, carrega sua Cruz (Jo 19,17), o altar onde oferecerá sua vida em sacrifício. Citações (de tantas outras) para lembrar que a preparação do altar não é um simples gesto funcional, mas um gesto sacramental e fundamentado biblicamente. Quando isto não é feito, troca-se a finalidade de dispor o altar, qual local preparado para as oferendas, por um gesto funcional e sem expressão. Destroem o significado do rito por torná-lo meramente funcional. Isso acontece, normalmente, por não se compreender ou não se conhecer o significado do rito.  O que dizer, então, quando o altar é preparado pelo sacristão antes da Missa?

Para valorizar  
Do ponto de vista comunicativo, que é a finalidade de nossas reflexões, um modo de valorizar o rito é realizando-o antes da procissão ofertorial. O diácono ou o padre recebe dos ministros ou dos coroinhas o corporal e o estende sobre o altar e depois desce até a nave para receber os dons oferecidos pela assembléia.  Assim se deveria proceder pelo menos nas Missas dominicais.
Em algumas celebrações especiais, como nas Missas de Primeira Comunhão, pode-se deixar o altar com uma toalha simples e prepará-lo de modo mais “completo”, digamos assim, estendendo uma toalha sobre o mesmo.
Outro modo de valorizar o rito da preparação do altar, além de estender o corporal, é colocando as velas nas laterais do altar e, no tempo permitido, colocar flores aos pés ou ao lado do altar. Tal atividade, esta sim, poderá ser feita por ministros, coroinhas ou outros celebrantes. Do ponto de vista comunicativo, indica a valorização do espaço que compõe o altar e a importância dos dons ali colocados. Depois que estiver preparado, então sim realizar a procissão ofertorial. Ou seja, comunica-se que o espaço está devidamente preparado para receber as oferendas. O costume de realizar ritos simultâneos, como preparar o altar durante a procissão ofertorial é um jeito de amontoar ritos e esconder o significado dos mesmos.
A preparação do altar é um rito simples, mas importante também para indicar a passagem de um espaço celebrativo para o outro espaço celebrativo. É a passagem da Mesa da Palavra para a Mesa Eucarística. Ora, isso acontece por meio da preparação da outra Mesa, a Mesa do Altar.
Nesta preparação além dos elementos já citados acima, coloca-se também o cálice sobre o altar, uma vez que o cálice não é levado na procissão das oferendas.  
Para concluir, apenas lembrar e reforçar que se trata de um rito simples, um rito de passagem de uma Mesa para outra, que marca igualmente a passagem de Liturgia para outra: da Liturgia da Palavra para a Liturgia Eucarística. Um rito simples que vale a pena ser valorizado para ressaltar e distinguir as duas Mesas que alimentam os celebrantes na celebração da Missa, aquela da Palavra e aquela Eucarística.
Serginho Valle
2017


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