1 de dez. de 2017

Natal: encontro da humanidade com Deus

A Liturgia celebra o Natal em três grandes momentos: preparação, solenidade e celebrações natalinas. A preparação consta de quatro semanas, das quais as duas últimas são dedicadas a uma preparação mais próxima e mais intensa. A celebração da Solenidade do Natal consta de quatro Missas em momentos diferentes do dia e da noite e, por fim, as “celebrações natalinas” que constam de festas e solenidades, concluídas com a festa do Batismo de Jesus. Nossa atenção se concentrará no Lecionário proposto para o “Ano B”, que conta algumas peculiaridades, neste ano de 2017.

Tempo da preparação
            O tempo de preparação denomina-se Advento, termo que designa espera, expectativa, tempo de preparação de um acontecimento importante. São quatro semanas de Advento, mas neste ano de 2017, teremos apenas três porque — e aqui está a primeira peculiaridade — o 4º Domingo do Advento será celebrado no dia 24 de dezembro. Isto significa que a Liturgia do 4º Domingo do Advento será celebrada somente nas Missas vespertinas de sábado à tarde-noite (23 de dezembro) e nas Missas Dominicais matutitas. As Missas de Domingo à tarde já serão Missas do Natal.
            Desde a antiguidade, desde quando a Liturgia introduziu um tempo de preparação ao Natal, os dois primeiros Domingos do Advento são dedicados à 2ª vinda de Jesus Cristo. São Domingos escatológicos que, juntamente com os últimos Domingos do Tempo Comum, completam uma série de celebrações dedicadas à segunda vinda de Jesus Cristo. Nestas celebrações dedicadas à 2ª vinda do Senhor, o Advento é um tempo de preparação marcado pela virtude da vigilância.
O convite para se cultivar a virtude da vigilância, no “1º Domingo do Advento – B” é apresentado com dois símbolos: o caminho e o trabalho do porteiro. Vigilante para não tomar um caminho que não conduza ao encontro com Jesus, em sua 2ª vinda. Vigilância, vivendo atento, como deve ser o trabalho de um porteiro para impedir que algo estranho entre na casa (a vida pessoal) e impeça a preparação do encontro com o Senhor que vem.
            O 2º Domingo do Advento do Ano B (Ano Litúrgico em curso) tem a particularidade de apresentar um dos principais personagens do Advento, João Batista, o qual é ligado à primeira vinda de Jesus. Por isso, a dimensão escatológica da preparação da 2ª vinda encontra-se na 2ª leitura e na eucologia. No Ano B, iluminando-se na 2ª leitura, o 2º Domingo do Advento é celebrado nos desertos da sociedade, o local onde João Batista continuando profetizando a necessidade de preparar caminhos que conduzam ao encontro do Senhor que um dia voltará.
            A preparação do Natal, propriamente dita, denominada de preparação próxima do Natal, inicia-se no 3º Domingo do Advento, conhecido como “Dominca laetare” – “Domingo da Alegria” —, termo emprestado pela antífona de entrada: “alegrai-vos sempre no Senhor, alegrai-vos”. Neste 3º Domingo do Advento, a Igreja coloca flores na celebração e a Liturgia celebra a Eucaristia vestida com paramentos cor de rosa. Motivo disso? A aproximação do Natal de Jesus Cristo. Por isso, o 3º Domingo do Advento é o primeiro momento preparatório diretamente relacionado ao Natal; momento que prepara a 1ª vinda do Senhor, no Natal. Para tal, a Liturgia propõe aos celebrantes as figuras de Isaias e João Batista como testemunhas de uma nova esperança para a humanidade.
            Por fim, o “4º Domingo do Advento”, Domingo essencialmente mariano, dedicado à Virgem Mãe. Ela está grávida do Menino Jesus e a Igreja proclama alegremente que “Ele está no meio de nós”. É uma celebração que conduz os celebrantes ao acolhimento do projeto divino, que se realiza no Natal, tendo Nossa Senhora como modelo de fé e de disponibilidade, condições indispensáveis para acolher o Menino Jesus. Uma celebração para incentivar os celebrantes a preparar suas vidas e seus corações a ser a casa de acolhida do Menino Jesus, a exemplo da Virgem Mãe Maria.


Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo
            O grande anúncio do Natal se resume numa frase: Deus vem ao nosso encontro! Como em toda celebração do Natal, a Liturgia da Igreja transborda de alegria, torna-se festivamente alegre em seus espaços celebrativos, em suas canções, nos paramentos, na preparação celebrativa. Tudo para que os celebrantes possam fazer experiência do contentamento espiritual, da alegria de quem experimenta no Natal o encontro com Deus, na pessoa do Menino Jesus. Natal é uma festa, uma grande celebração do encontro da humanidade com Deus na pessoa de Jesus Cristo. Ele, Jesus, se torna o “Emanuel”, quer dizer, o “Deus conosco”, “Deus que vive entre nós”.

Sagrada Família: primeira celebração natalina
            Por fim, a última festa litúrgica (neste ano de 2017) é dedicada à Sagrada Família que, a exemplo do 4º Domingo do Advento, será celebrada somente nas Missas Dominicais vesperais e nas Missas Dominicais matutinas, por ser 31 de dezembro.
A Sagrada Família é uma celebração que liga o Natal à família destacando o cultivo de três elementos: a fé, o amor e a confiança. Fé como atitude de acolhimento da vontade divina, a exemplo da fé de Abraão e da fé de José e Maria. Amor, naquilo que mais o caracteriza: doar-se, para que os membros da família possam viver felizes e saudáveis. Depois, a confiança (característica fundante da fé) que permite a cada membro da família viver livremente. Respirando este clima familiar, os filhos crescem em sabedoria, em graça e força diante de Deus e da sociedade.     

Conclusão
            As primeiras celebrações natalinas, contempladas nesta catequese litúrgica, no contexto do Ano B, caracterizam-se pela espiritualidade do encontro entre Deus e a humanidade, entre Deus e a vida pessoal de cada homem e mulher. No tempo do Advento. Natal é a grande celebração do encontro: encontro com Deus e encontro com o outro, com os familiares e com aqueles com quem convivemos no nosso cotidiano. O encontro com Deus, na pessoa do Menino Jesus, caracteriza-se pelo acolhimento e, é no acolhimento que está o “segredo” de celebrar bem, isto é, santamente o Natal. Quem acolhe e toma nos braços do coração o Menino Jesus não terá dificuldade de acolher e abraçar aqueles com quem convive.  
Serginho Valle
Dezembro de 2107




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