22 de set. de 2017

A prioridade da Pastoral Litúrgica na Paróquia

A Instrução Geral do Missal Romano, n. 313, pede que as celebrações não sejam improvisadas. Uma espécie de aviso para compreender que, na Liturgia, nada deve ser feito de improviso e, ainda mais, que a improvisação jamais deveria ter lugar em nossas comunidades. Improvisação indica desleixo, relaxamento. Se considerarmos que as celebrações são o espelho da comunidade, entende-se que celebrações improvisadas indicam comunidades desleixadas. Para evitar esse mal-estar, existe a necessidade de organização, espiritualidade e formação.

Em minhas andanças pelo Brasil, no tempo que ministrava cursos de Liturgia, encontrei padres, diáconos e leigos que colocavam resistência para implantar a Pastoral Litúrgica organizada na Paróquia. A realidade, infelizmente, era esta: existiam pessoas que não queriam, e faziam de tudo para impedir a organização da Pastoral Litúrgica na comunidade paroquial. Confesso que não consigo fazer uma avaliação profunda da realidade atual, mas espero que isso tenha mudado.

Eu publiquei pela Loyola, anos atrás, um livro chamado “Pastoral Litúrgica, uma proposta um caminho”. A editora tirou o livro de circulação e eu o republiquei em formato de ebook, que pode ser encontrado no meu site – www.liturgia.pro.br -. Outros autores também trabalharam este tema da organização da Pastoral Litúrgica Paroquial (PLP). A CNBB, inclusive lançou uma espécie de manual — “Guia Litúrgico-Pastoral” — no ano de 2006, com indicações claras da organização da PLP. Quer dizer, material existe.

A organização da Pastoral Litúrgica Paroquial não é um capricho próprio ou uma moda passageira na Igreja. A organização da Pastoral Litúrgica obedece a uma hierarquia organizacional que tem como cabeça o Vaticano, passa pelas Conferências Episcopais de cada país, passa pelas Igrejas particulares até chegar nas comunidades paroquiais. Este esquema está bem descrito na Sacrosanctum Concilium (Cf. SC 43-46). Por isso, não ter a Pastoral Litúrgica organizada é sinal de comunidade marcando passo há bom tempo.   

Em se tratando de PLP, sempre gosto de lembrar que quem trabalha com a Pastoral Litúrgica e, de modo particular, quem fará parte da Equipe Litúrgica, não terá muito tempo para atuar em outras pastorais, pois os trabalhos serão muitos: reuniões, formação, planejamento, celebrações especiais.... Quem entra na PLP deve estar preparado e consciente que terá muito trabalho pela frente.
Os aspectos que ressaltei neste primeiro momento têm o objetivo de mostrar, em linhas gerais, o contexto pastoral em que se está entrando. Considerar que se trata de uma Pastoral que se caracteriza como prioritária na Paróquia e que não se resume em listas de atividades — quem fará leituras, por exemplo — colada na parede da sacristia, como infelizmente ainda se vê em algumas paróquias. É preciso ter consciência que boa vontade é ótima e até necessária, mas não resolve os problemas. Para que a Pastoral Litúrgica Paroquial seja eficaz e proativa, há necessidade de pessoas que se disponham a fazer um caminho de formação, de estudos e de espiritualidade para não trocar os pés pelas mãos na condução das atividades da Liturgia Paroquial. Pessoas que sejam capazes de realizar um planejamento, por exemplo, para alcançar objetivos específicos da PLP de cada comunidade. Pessoas, principalmente, que amam a Liturgia e a entendem como culto de louvor e adoração a Deus e como caminho evangelizador da comunidade.
Serginho Valle
Setembro de 2017



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