A ornamentação litúrgica
está inserida no processo comunicativo litúrgico no contexto da mensagem
visual. Enquanto tal, a arte lida com a arte de apresentar uma mensagem que
seja atraente ou provocadora aos olhos com a finalidade de criar uma reação em
quem a vê. A ornamentação litúrgica, em linhas breves, tem a finalidade de
propor uma mensagem visual bela ou provocadora para cativar e para
refletir. Não permanece, portanto, no esteticismo, embora prima por uma
boa estética, mas ingressa no processo comunicativo da comunicação visual. Diante
disto, o ministro da ornamentação deverá ter presente alguns elementos
importantes e necessários para bem se comunicar no contexto da arte visual.
Um
primeiro elemento diz respeito a conceitos comunicativos da
Liturgia, entre os quais ter presente que a celebração litúrgica não é um
discurso, mas um percurso espiritual e místico iluminado
pela Palavra de Deus própria de cada celebração. Neste
sentido, a ornamentação litúrgica assume o papel de mensagem
comunicante que favorece o percurso espiritual e místico realizado no
percurso celebrativo. É a luz da Palavra, portanto, que acende a primeira
inspiração de como fazer e propor uma mensagem visual, se através de um arranjo
floral, se por meio de um símbolo contextual, se com um painel mais uma frase
celebrativa, se a composição contará com vários elementos...
Outro
elemento é compreender também que a Liturgia não é explicação,
mas experiência de encontro com Deus, numa celebração sacramental.
Não se participa de uma celebração litúrgica para se falar de Deus, mas para se
encontrar com Deus. E, para tal finalidade existe uma confluência de vários processos
comunicativos — oral, gestual, musical, ornamental... — para facilitar e fazer
com que tal experiência atinja a vida do modo mais profundo possível.
Estes
dois elementos (mas existem muitos outros) servem para abrirmos nossa conversa quanto
a compreensão da atividade do ministério da ornamentação, na Liturgia, como um processo
comunicativo a serviço da celebração litúrgica em vista da participação plena e
consciente dos celebrantes. Um serviço a ser realizado com humildade e em espírito
de colaboração tendo em vista o favorecimento da comunicação litúrgica de cada
celebração.
Serginho Valle
2017
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