27 de jan. de 2017

Enfeites na celebração litúrgica

As normas litúrgicas não tratam de enfeites em particular. Trata deste tema de modo generalizado, contextualizando-o na ornamentação litúrgica. Meu ponto de vista é a partir da comunicação litúrgica e não tem nenhuma intenção normativa. 

Contextualizando  
Por enfeite, no contexto comunicativo da celebração litúrgica, entende-se aquilo que favorece ou evoca um clima especifico, no qual acontece a celebração. Neste sentido, os enfeites, embora possam ter características simbólicas ou sígnicas (sinais), na maior parte das vezes exerce a função de índice, isto é, são indicadores de um contexto, ou de um “clima” do Tempo Litúrgico, ou de uma celebração específica.
Os enfeites natalinos e os enfeites pascais, por exemplo, expressam bem esta dinâmica semiológica de índice, quer dizer, indicadores do Tempo Litúrgico que se está celebrando. Quando entramos numa igreja com enfeites natalinos, por exemplo, os mesmos são índices, são indicadores que estamos celebrando o Natal. É preciso dizer que existe uma linha muito tênue e discutível em tais distinções, motivo de não poucos debates e discussões. Contudo, o que interessa é entender que os enfeites são indicativos (são índices) de um contexto celebrativo ou de um Tempo Litúrgico.
Existem momentos, nos quais os enfeites exercem sua atividade comunicativa apenas como sinais, como aqueles para expressar alegria. Um arranjo floral, no Tempo Pascal, por exemplo, não precisa trazer a carga do simbolismo; pode ser um componente indicativo da alegria do tempo litúrgico que se está celebrando. Quando, numa festa do padroeiro são colocadas bandeiras ou outros enfeites, estes comunicam o clima festivo que se está celebrando. Os enfeites usados nas celebrações matrimoniais, flores e tapetes, velas e lanternas coloridas indicam (são índices) da alegria que envolve uma festa de casamento.
Tais elementos pretendem favorecer a compreensão que a ornamentação litúrgica é realizada dentro de um contexto comunicativo que se expressa com símbolos, com sinais e com índices (indicadores). A maior parte dos enfeites entra na categoria dos índices por serem, como já dito, indicativos de um clima especial na celebração, seja relativo ao Tempo Litúrgico, seja num contexto celebrativo específico.

Critérios gerais no uso de enfeites
O exposto acima vale para a Missa e para os demais sacramentos. Por isso, um primeiro critério quanto ao uso de enfeites nas celebrações é sobre a quantidade de enfeites. Isso vai depender do tamanho da igreja e do bom senso do arranjador, mas lembrando sempre que o exagero enfeia. O exagero de muitos enfeites em casamentos pode ser bonito para o bolso do floriculturista, mas um desastre visual do ponto de vista estético. Não é o exagero que embeleza, mas o detalhe e o modo de fazer.
Outro critério é o respeito pelo Tempo  Litúrgico. Na Quaresma e no Advento não se usam flores, nem folhagens e nem outros adereços. Assim, não se enfeita a igreja com enfeites natalinos na primeira semana do Advento, isso poderá acontecer a partir com pequenos sinais a partir da 3ª Semana do Advento. O não uso de flores, folhagens e enfeites são indicativos (índices) do silêncio espacial, no qual a Liturgia celebra a Quaresma e o Advento. Por isso colocar flores na Quaresma e no Advento, mesmo que sejam violetas roxas, é criar um ruído na mensagem espacial do ambiente celebrativo, no contexto da comunicação litúrgica. Casamentos realizados neste tempo também não recebem flores. Quem fizer questão das flores no casamento, seja orientado a procurar outra data, como no Tempo Natalino ou no Tempo Pascal ou no Tempo Comum.
Um terceiro critério é quanto a colocação dos enfeites nos espaços celebrativos. Os enfeites não são colocados nem sobre o altar e nem sobre o ambão, como também não devem esconder tais espaços, de onde não se colocar enfeites grandes na frente do altar ou do ambão. Isto vale também para as igrejas que tem altar mor encostado na parede. Aquele altar seja respeitado como altar e não transformado em prateleira de flores e folhagens.
Um último critério é aquele relativo à discrição. Quem tem senso artístico nunca exagera, ao contrário, discretamente enfeita o ambiente tornando-o acolhedor e celebrativo, para que os celebrantes sintam-se bem sem serem agredidos com excesso de informação.
Serginho Valle  
2017 


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