27 de jan. de 2016

No DNA da Liturgia está o serviço


Diante da impossibilidade de um tratado completo sobre Liturgia neste espaço, por motivos óbvios, decidi por uma reflexão capaz de favorecer uma compreensão dinâmica de todo o contexto litúrgico. Optei por acender a luz do “serviço” como forma de compreender a ação litúrgica da qual participamos e realizamos. Este é o primeiro de quatro pequenos artigos sobre a Liturgia na ótica do serviço.
Existem vários motivos da minha escolha, a começar pela palavra “Liturgia”, que tem no seu DNA a luz e a inspiração do serviço e do servir. Liturgia não é uma palavra portuguesa, é uma palavra grega que, por sua vez, se compõe com duas outras palavras gregas: “Laos” (povo) e “ergon” (serviço). No coração da Liturgia, portanto, está o serviço e, um detalhe, o serviço prestado ao povo; um serviço que seja para o bem-estar do povo. Neste sentido, na Grécia antiga, o serviço militar, pelo qual os soldados defendiam e garantiam a segurança do povo, chamava-se “liturgia”. Da mesma forma, o serviço social ou político era uma Liturgia, porque era feito como dedicação de um serviço ao povo. Antes de a Liturgia deixar a vida leiga para ingressar nos templos e santuários, seu sentido definia todo serviço a favor do povo e para o bem do povo. Por isso, não custa repetir, o DNA da Liturgia é formado pelo serviço e todo liturgo, por sua vez é um diácono do povo, quer dizer, um servidor do povo.
É interessante perceber que o motivo da sacralização da Liturgia se deve justamente a esta característica do serviço em favor do povo, do serviço pelo bem-estar do povo. Se assim é, quem é o servidor do povo no ato litúrgico? Quem é o grande liturgo que se faz diácono, na Liturgia? A resposta não é única, pois comporta vários sujeitos, protagonistas e agentes. É a partir deste fato, do ponto de vista humano, que se entende a dimensão ministerial como essencial na atividade litúrgica, especialmente presente nas celebrações. Isto traz várias conseqüências e abre vários caminhos, dos quais vamos acenar apenas para três deles: o serviço divino, o serviço eclesial e o serviço ministerial celebrativo.
O mais importante deles é o serviço divino, do qual trataremos na próxima semana. Para o momento, fica a proposta de considerar a Liturgia em ato, as celebrações, como momento diaconal, de serviço em favor do povo e para o bem do povo. As celebrações de sua comunidade favorecem a vida e o bem estar (ao menos espiritual) do povo da comunidade?

Serginho Valle
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