29 de jan. de 2016

Cadeira presidencial e cadeiras ministeriais

Uma proposta de espaço ministerial pode ser formatado como a foto, que fiz na igreja matriz São Luís Gonzaga, de Brusque - SC. Considero este espaço baseando-me na Instrução Geral do Missal Romano, 310, onde se lê:
“A cadeira do sacerdote celebrante deve manifestar a sua função de presidir a assembléia e dirigir a oração. Por isso, o seu lugar mais apropriado é de frente para o povo no fundo do presbitério, a não ser que a estrutura do edifício sagrado ou outras circunstâncias o impeçam, por exemplo, se a demasiada distância torna difícil a comunicação entre o sacerdote e a assembléia, ou se o tabernáculo ocupar o centro do presbitério atrás do altar. Evite-se toda espécie de trono.” (IGMR 310)

Na maior parte das igrejas, a cadeira presidencial está separada, num espaço celebrativo diferente dos demais ministérios, distante daquele onde ficam os ministros que atuam na Liturgia Sacramental, especialmente na distribuição da Eucaristia. Trata-se de uma disposição válida, como apenas referido acima, pela IGMR 310. O modelo deste espaço celebrativo (foto) cria uma paisagem ritual que merece ser considerada e pode servir de modelo em igrejas, cujo espaço não favorece a disposição proposta pela IGMR 310. No caso da igreja matriz de Brusque, a colocação da cadeira presidencial atrás do altar era inviável, principalmente pela dificuldade comunicativa que isso provocaria: dificuldade de visualização do padre e distância entre o padre e a assembléia celebrante.  
A composição de um espaço ministerial como sugerido na foto comunica a unidade de uma celebração que se caracteriza como ministerial, composta por vários serviços ministeriais. O presente espaço celebrativo realça o ministério presidencial (cadeira em destaque) e o ministério que auxiliará o presidente na partilha Eucarística, no momento da comunhão. No caso da igreja matriz de Brusque, o ministério da Liturgia da Palavra localiza-se próximo ao ambão, o que distingue ainda mais as atribuições ministeriais no decorrer da celebração Eucarística.

Serginho Valle

27 de jan. de 2016

No DNA da Liturgia está o serviço


Diante da impossibilidade de um tratado completo sobre Liturgia neste espaço, por motivos óbvios, decidi por uma reflexão capaz de favorecer uma compreensão dinâmica de todo o contexto litúrgico. Optei por acender a luz do “serviço” como forma de compreender a ação litúrgica da qual participamos e realizamos. Este é o primeiro de quatro pequenos artigos sobre a Liturgia na ótica do serviço.
Existem vários motivos da minha escolha, a começar pela palavra “Liturgia”, que tem no seu DNA a luz e a inspiração do serviço e do servir. Liturgia não é uma palavra portuguesa, é uma palavra grega que, por sua vez, se compõe com duas outras palavras gregas: “Laos” (povo) e “ergon” (serviço). No coração da Liturgia, portanto, está o serviço e, um detalhe, o serviço prestado ao povo; um serviço que seja para o bem-estar do povo. Neste sentido, na Grécia antiga, o serviço militar, pelo qual os soldados defendiam e garantiam a segurança do povo, chamava-se “liturgia”. Da mesma forma, o serviço social ou político era uma Liturgia, porque era feito como dedicação de um serviço ao povo. Antes de a Liturgia deixar a vida leiga para ingressar nos templos e santuários, seu sentido definia todo serviço a favor do povo e para o bem do povo. Por isso, não custa repetir, o DNA da Liturgia é formado pelo serviço e todo liturgo, por sua vez é um diácono do povo, quer dizer, um servidor do povo.
É interessante perceber que o motivo da sacralização da Liturgia se deve justamente a esta característica do serviço em favor do povo, do serviço pelo bem-estar do povo. Se assim é, quem é o servidor do povo no ato litúrgico? Quem é o grande liturgo que se faz diácono, na Liturgia? A resposta não é única, pois comporta vários sujeitos, protagonistas e agentes. É a partir deste fato, do ponto de vista humano, que se entende a dimensão ministerial como essencial na atividade litúrgica, especialmente presente nas celebrações. Isto traz várias conseqüências e abre vários caminhos, dos quais vamos acenar apenas para três deles: o serviço divino, o serviço eclesial e o serviço ministerial celebrativo.
O mais importante deles é o serviço divino, do qual trataremos na próxima semana. Para o momento, fica a proposta de considerar a Liturgia em ato, as celebrações, como momento diaconal, de serviço em favor do povo e para o bem do povo. As celebrações de sua comunidade favorecem a vida e o bem estar (ao menos espiritual) do povo da comunidade?

Serginho Valle

25 de jan. de 2016

O Altar nas celebrações não Eucarísticas

O altar é o espaço litúrgico-celebrativo da Eucaristia. Por isso, o mesmo não deveria ser usado fora da celebração Eucarística, em outras celebrações sacramentais ou não sacramentais, transformando-o em suporte de livros ou de alfaias, como a caldeira de água benta, por exemplo. Pior ainda, quando o altar é usado como prateleira para vasos orçamentais, como se vê em alguns casamentos. Altar não é local para se colocar arranjo.
O altar, em celebrações não Eucarísticas, como casamentos, celebrações penitenciais, celebrações da Palavra, e demais sacramentos, atua sempre como referência explícita e direta que conduz à Eucaristia. É o símbolo referencial de que o Sacramento, celebrado em sua presença, vêm da Eucaristia e à Eucaristia se destina. O mesmo vale para celebrações, nas quais acontece somente a Liturgia da Palavra ou, como se denominam em algumas localidades, os cultos presididos por ministros ou ministras não ordenados. A celebração acontece no espaço celebrativo do ambão e o altar ali está como referência da Eucaristia que não pode ser celebrada. Neste caso, interroga os celebrantes e os leva a refletir sobre o valor da Eucaristia, na comunidade.
Mas, tanto no caso das celebrações da Palavra presididas por ministros, como nas celebrações sacramentais com distribuição da Eucaristia (Matrimônio, Unção dos Enfermos, Crisma fora da celebração da Missa) — como acontece na celebração da Sexta feira Santa — o altar é preparado unicamente para a distribuição da Eucaristia. Não se usa o altar para iniciar celebrações e, para sermos coerentes, nem a Missa deve ser iniciada no altar, como ainda se vê em algumas comunidades.
Concluindo. Minha reflexão tem a finalidade única de valorizar o símbolo sacramental do altar seja como fonte da celebração de todos os sacramentos seja como desejo de dele se aproximar para se ser plenamente alimentado com o Pão Eucarístico em todas as celebrações sacramentais e não sacramentais.
Serginho Valle
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