29 de jul. de 2015

O sentido da Eucaristia na comunidade


 Por que e para que sua comunidade celebra a Eucaristia? Qual a idéia de Eucaristia que algumas comunidades transmitem em suas celebrações? O que alguns padres comunicam quando celebram? São perguntas que podem orientar a reflexão sobre este tão grande do imenso mistério, deixado por Cristo na sua Páscoa, como presença real da nossa Salvação e para a nossa Salvação.
            De tempos em tempos, é saudável que os agentes da Pastoral Litúrgica considerem como a comunidade está celebrando a Eucaristia; de que modo os celebrantes da comunidade relacionam-se com a Eucaristia e que frutos a Eucaristia produz na comunidade, do ponto de vista de freqüência nos demais Sacramentos (da Penitência, em especial), do ponto de vista da espiritualidade; como a Eucaristia tem fomentado a solidariedade, a fraternidade, na comunidade? Se tais frutos não se fazem presentes, está ai um convite para se avaliar o “modus celebrandi” da Eucaristia, na comunidade. Não fazer avaliações somente para considerar queixas e elogios, mas para perceber frutos concretos, que fazem crescer a comunidade seja do ponto de vista do discipulado, seja do enquanto comunidade cristã. Como é possível que uma comunidade celebre a Eucaristia todos os dias (ou ao menos semanalmente) e não aconteça nenhum tipo de mudança? O que está impedindo a Eucaristia de produzir frutos, na comunidade?  
            Um outro dado que merece a atenção da Pastoral Litúrgica é o exagero de Missas. Explico. Algumas comunidades celebram Missa para qualquer evento que realizam. É uma constatação que, num primeiro momento, pode soar como positiva. Mas tem um lado preocupante: a constatação de que a missa serve para quase tudo: atrair público para uma festa de escola; vender o cd que o grupo de jovens gravou ou, apresentar um teatrinho infantil, momento máximo na Missa com crianças. Pergunto: por que isso acontece? — Porque a Missa é o local mais público, a manifestação mais pública da comunidade. Nada mais justo, pensa a Pastoral Litúrgica que promove Missa como promotora de eventos, que aproveitar a Missa para promoções e campanhas. É claro que a instrumentalização da Missa banaliza a própria celebração.
Este fato, contudo, não está restrito apenas ao âmbito da comunidade. A mídia, há pouco tempo atrás, classificava de “Missas-shows” aqueles mega eventos, nos quais, o povo católico era convidado a comparecer em massa para “uma missa diferente”. O repertório musical da celebração eram sucesso de um cantor famoso, ou de um padre cantor. Todos pulavam o tempo todo levantando as mãos.... e, no final da Missa, continuava o show com cantores famosos ou com o padre artista. Uma missa promocional para vender o cd do pop star. — Quem não quer aproveitar a oportunidade de um público de milhares de pessoas, com transmissão pela tv, para promover seu produto? Graças a Deus, este tipo de “celebração Eucarística” (???) já não é mais tão comum, embora alguém ainda promova isso, sempre em nome da evangelização, é claro.
            — Está certo transformar a Missa em show ou fazer da Missa um evento de promoções que liga a música daquele cantor famoso com a religião? Como católicos, precisamos pensar e refletir profundamente sobre tudo isso. Antes de emitir qualquer opinião é importante entender o que é Eucaristia. Refletir porque Jesus Cristo instituiu a Eucaristia e porquê celebramos a Eucaristia. A Pastoral Litúrgica de nossas comunidades precisa criar uma formação permanente em suas atividades para estudar e, pelo estudo, compreender o valor da Eucaristia para a comunidade, em vista de produzir frutos, na comunidade. Não basta o esforço para fazer Missa bonita ou atraente, é preciso celebrar para conduzir os celebrantes a participar e comungar o projeto divino. Sem isto, como diz São Tiago, a fé é morta.

Serginho Valle
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